Somente mais um dia de chuva. Água caindo do céu e logo depois escorrendo pela janela do quarto. A chama trêmula na vela refletia sombras assustadoras na parede. Mas Anne já estava acostumada. Era apenas mais um dia de chuva.
Os sinos da varanda tocaram e ela ouviu um rangido. Parecia a porta se abrindo. ''Não'', pensou. ''Não é ninguém.'' De novo. E mais uma vez. Anne não resistiu e desceu para ver o que era.
A porta estava aberta.
Mas não havia ninguém.
O chão estava molhado. Ela fechou a porta. Silêncio.
E então, uma música. Uma música leve, calma, gentil e doce... mas também assustadora.
Ela olhou para trás, onde estava uma pequena caixinha de música.
Anne ouviu o chão rangindo no corredor escuro que levava até a escada. Passos descendo. Correu, tentando não fazer barulho. Era inútil. Alguém estava em sua casa.
Abriu a porta e escondeu-se embaixo da janela dos fundos. A chuva gelada molhava seus pés. Ela tremia e não fazia barulho algum.
O vidro da foi quebrado e estilhaçou-se por cima de Anne.
Os passos se afastaram.
Se ela fosse para a estrada agora, ele com certeza a veria. Com cuidado, ela arrastou-se para trás da velha máquina de lavar roupa. Com o maior cuidado, pegou o telefone que ficava na parede.
''Polícia Estadual de Coldwater, podemos ajudar?''
''Te-t-tem alg-guém n-na minha ca-casa'' -ela soluçava baixo.
''Fique calma senhorita, qual seu endere...''
E então, um barulho quase esmagou seu coração.
A ligação havia... caído!?
Ela finalmente observou as grandes botas paradas em frente a sua perna e os olhos negros que a encaravam.
A mesma música da caixinha.
O mesmo arco-íris de sombras.
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